dezembro 16, 2009

“Mi-mesma.”



Cá estou eu solta pelo meio de São Paulo. Eu cheguei a duvidar, mas é verdade, essa cidade devora a gente um pouquinho por dia. Como eu sei que estou aqui de passagem, então está tudo bem, eu aproveito para amadurecer minhas idéias, me refestelar com os benefícios espirituais da solidão, ler e criar, fazer arte. Até por que, por outro lado, este lugar também é bastante inspirador. Aqui, por enquanto, eu tenho dois grupos de amigos, aqueles com quais eu estou morando, que são como irmãos para mim, pessoas tranquilas e delicadas que me fazem sentir bem e com quem consigo dialogar abertamente. A gente só diverge um pouco no quesito religião, eles tem a deles e eu, ora, tenho firme na mente que Deus está em mim, assim como eu estou Nele (a gota no oceano e o oceano na gota - que paz!) independente de qualquer escolha e a minha escolha é simplesmente a prática do bem e a união de tudo de bom que eu encontre pelas buscas religiosas. Meu outro grupo de amigos se resume na verdade a uma só pessoa, o sr. Árvore do Vilarejo, meu ex-quase-sogro. Um estudioso ermitão que tem mais livros em casa que poeira no chão. Nós gostamos de ir ao cinema juntos e nos sentarmos nos cafés da cidade para divagar sobre a vida e suas intermináveis situações trágicas, cômicas, revoltantes e saudáveis. O que não seria muito saudável para mim nessa relação é o fato de ele ser um cético. Eu, com toda minha fervorosidade espiritual, poderia ser uma companhia irritante, mas parece que a combinação é positiva, no final, acabamos sempre em risos sobre as divergências. O mais legal é que para além do ceticismo ele faz o que todo sábio espiritual fez: pratica o bom e velho “conhece-te a ti mesmo”.
Nestas insólitas andanças eu as vezes eu me pego em questionamento sobre as injustiças da vida e segundos depois já estou sentindo e imaginando que tudo está no seu devido lugar. Agora, apesar das variantes sobre o amanhã serem muitas eu sinto que estou exatamente onde preciso estar. As vezes me revolto só pra aprender um pouco mais que revolta não resolve nada!!! Então, sou consolada pela força do mar de mim mesma e pela potência do amor que vem da amizade, pelas faculdades do intelecto e principalmente, pela poesia. E com ela sigo os dias, observando o que se passa ao meu redor e, com mais afinco, o que se passa dentro de mim. Para traduzir poraí em formas e linhas... Logo mais estarei voando pelo mundo, e essa certeza me torna o agora completo e feliz.
E isso representa todo o meu entusiasmo e otimismo. Esse meu lado eu sempre procurei exaltar para ajudar as pessoas ao meu redor, mas na verdade isso também pode atrapalhar quando eu, por acaso, entro em oscilações da vida humana e me dou o direito de ficar na merda. Sim, por que connhecer a si mesmo implica também em ficar na merda quando encontramos situações e defeitos dentro de si que você não sabe exatamente como transformar. E as pessoas a quem eu sempre ajudei geralmente falam: “e o seu otimismo e tudo que me ensinou?” E na realidade... isso mostra que, claro, sou apenas humana! Mas continuo cultivando o bichinho otimista dentro de mim, por que, afinal, se eu não fizer isso... não serei eu mesma!

3 comentários:

july'z disse...

Théo,

deus permita que a tua vida continue assim cheia de intervenções, das pessoas, das sensações, de ti mesma... por que assim temos muita inspiração. e é ela que nos faz suspirar, criar e falar... cantar...

gabiluz disse...

li esse post como se mais nada estivesse acontecendo ao meu redor. é uma delícia aprender com o teu aprendizado.

Isa disse...

amei ou melhor, amai, améi, ami, amói, amui. no words. que deus te ilumine sempre, irmã. a gente certamente se esbarra por aí.