Esses últimos dias aconteceram coisas, memórias e perguntas que me fazem refletir sobre o sexo. O valor do ato e do momento. O que significa e o que é, o que traz e desperta. Eu passei um bom tempo namorando, e antes deste namorar eu já vinha refletindo e agindo de acordo, sexo não é coisa que se saia fazendo poraí a toa com pressa. Pelo menos pra mim, na minha visão "parcial e limitada". Já fiz claro, por isso mesmo posso dizer que sei, dentro das minhas medidas.
Depois de voltar a ser solteira, o que aconteceu há alguns meses, me relacionei com algumas pessoas, amigos. E, com um deles aconteceu. Foi profundo, mais que profano. Foi belo e teve amor. Mesmo assim, eu não me realizo em sensações meramente esparsas. Eu gosto do crescimento, do reconhecimento, do acompanhar. Será ingenuidade? Acredito que não e, só por isso, posso ser feliz. Se eu não acreditar por mim, quem vai? E vou encontrar alguém que acredite comigo.
Oras... vão e vem as horas, as pessoas, trocas, foram beijos. Carinhos, risadas, reflexões e conversas. E hoje, percebi que algumas amigas minhas perguntaram (em dias diferentes) "e vocês transaram?" - todas deixando cair o queixo quando a minha resposta era "não". Todas tinham por certo que havia acontecido sexo com cada rapaz a quem concedi meus beijos. Como se fosse completamente natural e óbvio, quase uma exigência. Percebi por que me senti um pouco estranha ao convidar uma pessoa para dormir em casa... essa sugestão implicaria em sexo, provavelmente. E não simplesmente "quero passar mais tempo com você".
É, vai saber, o sujeito pode pensar qualquer coisa... inda mais em dias de hoje, neste mundão girando doido a velocidade, desembestado sem rédeas. Tudo acontecendo pra todo lado. É preciso ser centro, estar calmo, mesmo no entusiasmo; levantar sempre um sobrolho e aprender a amar. Digo para mim, claro. É preciso serenar o pensamento para entregar, antes de tudo, um coração puro.
“A satisfação própria do sexo é uma emoção sensual como o simples mirar. Ou, como a mera sensação que cumula a língua enquanto se saboreia uma fruta deliciosa. É uma experiência maior, infinita, que nos é oferecida; um conhecer do mundo, a plenitude e o esplendor de todo o saber…E o que é errado não é viver esta experiência, mas sim que quase todos abusem dela e a dissipem. Empregando-a como incentivo e dissipação nos momentos de maior lassidão em vez de a viver em recolhimento para alcançar sublimes êxtases" - Rilke
arte: Audrey Kawasaki